Depois de mais de três horas, o
primeiro debate com os candidatos à Presidência da República 2018 terminou sem
que novos ou importantes rumos fossem dados aos eleitores. Dividido em bloco,
os candidatos responderam a perguntas de outros candidatos, de jornalistas e da
população por meio do jornal Metro. Organizado
pela rede Bandeirantes, o debate bateu recorde de transmissão simultânea pelo
Youtube no Brasil.
Os candidatos falaram muito do
mesmo, ou seja, disseram o que a população espera que façam, mas sem em
qualquer momento informar detalhes sobre como farão tudo o que pretendem.
Álvaro
Dias, do Podemos
Com aparente desconforto e
nervosismo, inicialmente relembrou sua carreira e, em especial, seu desempenho
como governador do Paraná. Perguntado sobre o BNDES e da necessidade de mostrar
à sociedade o que é feito com o dinheiro desse banco, Dias destacou a escolha
de seu vice com experiência no tema e na convergência das propostas. Chamou a
atenção para os 716 bilhões de reais transferidos pelo BNDES a outras nações,
que, se investidos no Brasil, gerariam empregos. Sustenta que o sistema de
“balcão de negócios” implantado em Brasília e em outras localidades exige uma
“refundação” da República.
Perguntado sobre como resolver o
problema da violência doméstica, Dias destacou que de 2006 a 2016 tivemos o
sepultamento de 324 mil jovens de 14 a 25 anos. É preciso restabelecer a
autoridade, pois a marginalidade se sobrepõe com o crescimento do crime. Sugere
para resolver o problema, são necessários financiamento, capacitação e indução
de políticas de segurança pública de Estado e não de governo, combate à produção
e consumo da droga. A falta de segurança é consequência de um sistema de
governança corrupto e incompetente.
Sobre quais seriam as medidas
para punir os que estão envolvidos na corrupção, Álvaro Dias afirmou que o
grande desafio é vencer o descrédito. Propõe a institucionalização da Lava Jato
como política permanente. Sugere a seleção de juristas para a elaboração da
legislação criminal do país e também alterações constitucionais para mudar o
sistema de governança.
Cabo
Daciolo, do Patriota
Sobre os concorrentes à
Presidência da República, Cabo Daciolo diz que representam a velha política.
Coloca em xeque as urnas eletrônicas. Quanto à crise, diz ser mentirosa,
resultado de termos muitos sonegadores e falta de gestão. Quando se reduzirem
os tributos, a receita irá aumentar; com a baixa de juros haverá aumento de
consumo.
Segundo o Cabo, qualquer um que
ganhar as eleições irá ratear o Estado entre os que o apoiaram. Mas, para ele,
o momento de mudança é agora, pois o povo não aguenta mais tantas promessas. O
momento é de transformação.
Sobre a greve dos militares na
BA, no RJ e ES, que liderou, e a dos caminhoneiros, da qual participou e cujas
reclamações diz não terem sido atendidas, afirma que em seu governo isso não
vai acontecer, pois reduzirá em 50% o preço dos combustíveis. Afirma que militar
só quer ser tratado com dignidade – enquanto no Rio de Janeiro determinada
categoria ganha 900 reais mensais, essa mesma categoria em Brasília ganha 5 mil
reais.
Geraldo
Alckmin, do PSDB
Para
diminuir o desemprego, Alckmin fala sobre a necessidade de investimento e
retomada da confiança, simplificação burocrática, abertura da economia, redução
do custo Brasil que fez com que o país perdesse competitividade, a necessidade
de melhorar salários e salário mínimo. Ressalta que o país é extremamente caro
e que o crédito é necessário para o Brasil crescer – a atual oferta de crédito
é muito pequena.
A respeito da aliança feita com o
“centrão”, Alckmin responde sobre multipartidarismo e a necessidade de apoio das
bancadas para mudar rapidamente o que é necessário para a retomada do
crescimento, já no começo do próximo ano, e para isso é preciso aglutinar. Em
todos os partidos existem ótimas pessoas. Sugere reforma previdenciária e uma
reforma política para termos voto distrital misto.
Perguntado
sobre segurança pública e as 64 mil pessoas mortes no ano passado
no Brasil, Alckmin responde que no início de seu governo em SP eram
mortas 13.000 pessoas por ano e, no fim de sua gestão, no ano
passado, foram 3.503 pessoas assassinadas. Salienta, com esses dados,
que é perfeitamente possível reduzir o número de assassinatos no
Brasil, enfrentar duramente o crime organizado, criar uma guarda
nacional para proteger a área rural também, e ser parceiro dos
estados para que trabalhem juntos. Destaca que é preciso acabar com
a impunidade e com o crime do colarinho branco. É preciso reformar
as instituições e também a política, com a adoção do voto
distrital misto, modelo alemão; apoio ao ministério
público e mudança nas agências reguladoras para retirada das indicações
partidárias a cargos.
Alckmin ainda pretende ampliar o
Bolsa-família e que “emprego, emprego, emprego é o caminho”. Destacou ainda: Restaurante
Bom Prato, rede que há 18 anos oferece alimentação por 1 real; moradia para
quem precisa – em SP, quem ganha um salário mínimo tem acesso a casa própria
pelo CDHU; saneamento básico e promoção de emprego e renda. Destaca que o atual
Bolsa-família é a união de três programas do governo FHC: Bolsa-escola, em que o
compromisso era de as crianças irem à escola; Bolsa-saúde, com o compromisso de
as crianças serem vacinadas; e o Vale-gás.
Perguntado se contrataria pessoa
de má reputação para seu governo, Alckmin responde que escolherá os melhores não
só da política, mas da sociedade, sendo a competência o critério de escolha. Quem
perde a eleição deve fiscalizar e quem ganha a eleição deve governar bem. Sugere
ajuste pelo lado da despesa e privatizações, além de fiscalização e marcos
regulatórios.
Alckmin entende que a reforma
tributária é fundamental, que é preciso reduzir IRPJ e CSSL das pessoas
jurídicas, colocar IVA e tirar 5 impostos, corrigir a tabela do imposto de
renda, e o FGTS deve ser corrigido por indicadores mais favoráveis aos
trabalhadores.
Marina
Silva, da Rede
A redução do desemprego deve ser
resolvida com investimento e recuperação de credibilidade, segundo Marina.
Perguntada sobre o Sistema Único de Saúde, SUS, a candidata destaca seu
sucateamento e que as mulheres são as mais prejudicadas. Irá melhorar o
atendimento tanto de alta como de baixa complexidade.
Quanto ao déficit fiscal recorde
que inviabiliza investimentos públicos, e que deve se repetir no próximo ano,
Marina Silva quer resolver o problema, mas não o fará em prejuízo da saúde
pública. Sua proposta é que o Brasil volte a crescer, que se resolva a reforma
da previdência e que se recupere a credibilidade.
Perguntada sobre educação, a
candidata diz saber o que a educação pode fazer na vida das pessoas; vai
trabalhar a qualidade na educação, com o compromisso de que todos sejam
alfabetizados até o 3.º ano; foco na Educação Infantil, no EF, no EM, e na
valorização dos professores com salários dignos.
Segundo Marina, o país tem
problemas de logística e o Brasil perde 30% da produção agrícola. Vai investir
para aumentar a produção com ganho de produtividade, investindo em ciência e
tecnologia, sem perder o cuidado com o ambiente e a saúde pública. Investirá
também em energia limpa, renovável e segura.
Jair
Bolsonaro, do PSL
Entre outras medidas para
minimizar o desemprego, Bolsonaro pretende fazer comércio com o mundo, sem viés
ideológico, tornar o Brasil um país desburocratizado. Destaca que aqui o
salário é pouco para quem recebe e muito para quem paga.
Perguntado sobre a mortalidade
infantil que aumentou assim como sobre o número de estupros, aumento da
violência, salários injustos e diferença salarial entre homens e mulheres, Jair
questiona se o Estado deve interferir na área salarial. Propõe projeto de lei
para castração química voluntária de estupradores para inibir a violência
contra as mulheres. Segundo ele, a violência só cresce em virtude da equivocada
política de direitos humanos; o militar não tem retaguarda jurídica, o bandido
está bem armado e a população desarmada. Que a vontade popular se faça presente
por meio de referendos.
Sobre o fato de gastarmos em
educação 3.800 dólares por aluno por ano, o que representa menos da metade do
que gastam outros países, Bolsonaro fala do bom resultado dos colégios
militares, alguns construídos em locais menos favorecidos. O percentual de
alunos saído dessas escolas e que consegue vaga em universidades é
significativo. Destaca a situação de falta de autoridade em sala de aula, pois
70% dos professores já foram agredidos física ou moralmente por alunos ou pais
de alunos.
Bolsonaro pretende investir em
ferrovias e aquavias, além de acabar com a indústria da multa no Brasil. Também
pretende rever o preço dos pedágios.
Guilherme
Boulos, do PSOL
Sua primeira medida para diminuir
o desemprego seria revogar as medidas tomadas pelo governo Temer, como a da
reforma trabalhista e a da aposentadoria, por exemplo. Também será preciso
investimento em infraestrutura saúde e moradia, além de reforma tributária.
Perguntado se é a favor ou contra
o aborto pelo fato de que todos os dias 4 mulheres morrem no Brasil na rede
pública depois de uma tentativa de aborto que não deu certo, Boulos fala de que
as mulheres têm muito mais direito do que os homens para decidir sobre esse
tema. Destaca o direito das mulheres, a creche em tempo integral, SUS com
atendimento especial para elas, salários iguais e políticas públicas; educação
e saúde.
Sobre a atualização da tabela do
imposto de renda, cuja defasagem média em 20 anos é de 90%, o que prejudica a
classe média baixa, Boulos diz que vai atualizar a tabela, mudar e criar novas
alíquotas. Fará reforma tributária, pois 49% da arrecadação se dá sobre consumo
e não sobre renda e patrimônio. Pretende a taxação de grandes fortunas e
aumento da alíquota de impostos sobre grandes heranças – quem tem mais, que
pague mais.
Henrique
Meirelles, do MDB
Meirelles relembra que quando no
Banco Central ou mesmo no Ministério sua política econômica criou empregos (em
8 anos no BC, como resultado de sua gestão foram criados 10 milhões de
empregos) e estabilidade na economia. Para minimizar o desemprego é preciso uma
política econômica correta, aumento de confiança, de investimento. Se o Brasil
cresce, gera empregos.
Meirelles fala na desinformação
básica dos candidatos à Presidência; que não participou do governo da Dilma;
que a dívida pública não subiu, caiu; e que os juros cresceram enormemente em
período anterior ao período em que esteve no Banco Central. Ainda comenta que é
preocupante termos candidatos a presidente que não conhecem o mecanismo da
dívida pública em função de despesas que já se encontram previstas em lei.
Perguntado sobre a fronteira
fechada com a Venezuela, Meirelles fala em dar apoio e ajuda ao estado de
Roraima. Destaca que é preciso uma política que assegure emprego, investimentos
e renda, a fim de evitar no Brasil uma crise humanitária inaceitável. Diz já
ter apresentado ao Congresso uma série de projetos para a redução dos juros.
Não trabalhou por Temer e por Lula, mas trabalhou pelo Brasil.
Meirelles se considera a pessoa
que sabe como fazer o país crescer, que o importante é a competência e a
honestidade. Já propôs 15 medidas desburocratizantes para facilitar a atividade
econômica.
Ciro
Gomes, do PDT
Perguntado como pretende resolver
o problema do desemprego no Brasil, Ciro Gomes aspira já no primeiro ano criar
2 milhões de empregos consertando os “motores” que estão desregulados. Vai
consertar as contas públicas, começando com as obras que estão paradas.
Pretende ajustar a política de comércio exterior.
Sobre as reforma da previdência e
trabalhista, Ciro propõe uma nova reforma trabalhista, porque, segundo ele, a
atual põe a população em insegurança. A previdência é irreformável. Novo modelo
de previdência, novo regime de captação e depois da campanha vai dizer como o
fará.
Quanto à educação, Ciro Gomes
afirma que 77 das 100 melhores escolas básicas estão no CE e que 40 de cada 100
vagas do ITA ou do IME vão para alunos que saíram das escolas daquele estado.
Segundo ele, o que resolve mesmo é a mudança do padrão de ensino e o reforço do
orçamento para a educação.
Perguntado sobre a transposição do rio São
Francisco, Ciro diz que o projeto de transposição ainda não está terminado. É preciso
revitalizar o São Francisco, repor as matas ciliares e fazer o saneamento
básico. A construção civil será uma forma de repor rapidamente os empregos
perdidos.
Ciro disse que vai ajudar a
pagar a dívida das famílias e das empresas. Não está preocupado com o
responsável pela tragédia de 63 milhões de pessoas com o nome no SPC. Apesar de a
dívida ser grande, a média é de 1.400 reais por pessoa, e pretende tirar essas
pessoas dessa situação.
Com o atual déficit fiscal, o
candidato se declarou surpreso com o aumento de salário dos ministros do STF proposto
esta semana. Fala em imprudência acintosa ao estado de sofrimento e humilhação
por que passam milhões de brasileiros desempregados.







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