terça-feira, 9 de outubro de 2018

Segundo turno será “disputa da rejeição”

Tradicionalmente, desde a redemocratização do Brasil,
o vencedor do primeiro turno é o vencedor do segundo.
Foi assim em 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014.
Mas, em muitos desses casos, não é o apreço por um candidato
que fala mais alto, mas, sim, a rejeição ao outro.
É por isso que, embora destaquem que estas eleições são atípicas e que o resultado da disputa ainda é imprevisível, cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o maior desafio dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) será superar a imagem negativa que os eleitores têm deles. "O segundo turno é uma eleição em que a rejeição aos candidatos tem um papel essencial. Quem deve ganhar é o candidato que tem a menor rejeição", disse o cientista político Antonio Lavareda.

De acordo com a pesquisa Ibope do dia 06 de outubro, um dia antes da votação, 43% dos eleitores disseram que não votariam de jeito algum em Bolsonaro, enquanto 36% rejeitaram Haddad. Para o pesquisador, no entanto, isso pode não ser empecilho para uma vitória do candidato do PSL, que liderou o primeiro turno com 46% dos votos contra 29% do petista. "Historicamente, no primeiro turno é possível que o candidato tenha mais votos sendo o mais rejeitado. No segundo turno, isso é impossível", avalia. "Bolsonaro terá que diminuir sua rejeição. Mas as urnas já indicaram que o eleitorado à direita é nitidamente maior do que o eleitorado à esquerda." (...)

Para o sociólogo Thiago de Aragão, especialista em análise de risco político e diretor da consultoria Arko Advice, a escolha do eleitor será, de fato, "muito baseada no que ele não quer". "Os eleitores, principalmente os que estão na dúvida ou que votaram em outros candidatos no primeiro turno, se colocam numa situação de escolher quem eles odeiam mais." O caminho do PT, diz ele, também parece ser bem mais difícil, mesmo que Haddad tenha um índice de rejeição cerca de sete pontos percentuais menor.

"A rejeição ao PT é em cima do passado recente (a crise que começou no governo Dilma), então, acaba sendo mais forte do que a rejeição da narrativa passada do Bolsonaro (sua simpatia pela ditadura)", diz Aragão. (...)

TSE divulga resultado das eleições para presidente (07.10.2018)
JAIR BOLSONARO
PSL
46,03%
FERNANDO HADDAD
PT
29,28%
CIRO GOMES
PDT
12,47%


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