No próximo dia
7 teremos eleições para presidente da República Federativa do Brasil, o mais
alto cargo executivo do país, entre outros cargos. A cada sabatina, discurso ou
entrevista, apresentam-se candidatos se dizendo altamente preparados para fazer
o país crescer.
Dadas as circunstâncias,
em meio ao caos em que vivemos no cenário político nacional, temos o
crescimento de alguns grupos ou movimentos sociais, que, liderados por esses
candidatos, estão dispostos a tudo para assumir o poder. A cada
"nova" denúncia de corrupção, prisão ou habeas corpus negado, esses grupos entoam a "uma só voz"
o mantra de que precisam assumir o poder e exterminar as ameaças a seus
interesses. E, para que isso ocorra, dizem ser necessário alguém disposto a
dissolver toda a engrenagem das lideranças políticas do país, fazer mudanças no
Ministério Público, Polícia Federal, na magistratura...
Observando o
momento político que vivemos, nos vem à mente a história que dá origem ao
título da postagem, a batalha política entre Cícero e Catilina!
O episódio se
passa em meados dos anos 64-63 a.C. na cidade de Roma. Lúcio Sérgio Catilina, militar
e senador daquela cidade, trava um grande embate com Marco Túlio Cícero em
busca da mais alta posição da magistratura política da época, a de cônsul de
Roma. Cícero, como fica conhecido, é um nobre, advogado, humanista e
doutrinador, tem a erudição como base para ocupar o cargo, ao contrário de
Catilina, que viera de uma família desprovida de riqueza.
Ao ser
derrotado nas urnas, Catilina dá início a sua jornada em busca do poder –
planeja com um grupo de homens seu intento e conjura contra todo o sistema para
alcançar pela força o que não conquistou pela eleição.
Utilizando-se
de técnicas populistas, Catilina reuniu homens que não tinham nada a perder, mas
muito a ganhar caso a arremetida viesse a ser vitoriosa – sairiam de homens sem
história para homens que ficariam na história. Para Catilina, sua investida contra
instituições era absolutamente factível.
A história de Catilina pode ser comparada ao atual
momento político do nosso país: o desejo de determinadas pessoas terem o Poder em
suas mãos, que, preteridas, se utilizam de técnicas populistas a fim de subverter
a situação atual e tentar com seus “guerreiros”, muitas vezes se utilizando de
meias-verdades, tomar o poder, assim como o queria Catilina.
Cícero, ao saber das intenções de Catilina, o convoca à
reunião do Senado em Roma, e realiza o primeiro dos seus famosos quatro
discursos, batizados de Catilinárias,
consagrando-se até hoje como um dos clássicos da oratória!
Até quando,
Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar
de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia? Nem a
guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a
afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a
reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu
perturbar-te?
Não te dás
conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a
tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre
nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde
estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh
tempos, oh costumes!
Após o
discurso, Cícero oferece a Catilina a chance para retirar-se de Roma. Ele se
retira e ao longo de sua vida de ímprobo oferece resistência a sua condenação à
morte. Em sua trajetória política efêmera, vai à cidade de Pistoia, onde em um
campo de batalha é assassinado em 62 a.C. Seus companheiros de outrora são
presos em Roma e condenados à morte.
A delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, que
entre outros detalhes “estima que das mil
medidas provisórias editadas nos quatro governos do PT, em pelo menos novecentas [grifos nossos] houve
tradução de emendas exóticas em propina” nos fez lembrar a história de Cícero e Catilina, tão próxima ao momento que vivemos em
nosso país.
Quando a cada
dia tomamos conhecimento de mais detalhes da rede de corrupção que tomou conta
do cenário político e da busca pelo Poder por aqueles que usurparam a confiança
de um povo – mais do que isso, usurparam a confiança de toda a nação brasileira! – nos perguntamos: Até
quando, vossas excelências, senhores corruptos, abusarão de nossa paciência? Por
quanto tempo a vossa loucura há de zombar de nós?
CRÉDITO
DA IMAGEM: NUVOLANEVICATA/SHUTTERSTOCK